logotipo TMA Brasil
logotipo TMA Brasil
lupa

Ex-dono da Lacta assume Leite Nilza

Capa

Central, que estava em crise, vende unidade de Ribeirão Preto e marca para Adhemar de Barros Neto.

A agonia da Central Leite Nilza, em crise financeira desde 2004, acabou. Mas o desfecho revela o insucesso de uma experiência no setor cooperativista. Para se livrar de dívidas de R$ 54 milhões, as três cooperativas que formam a central venderam a unidade industrial de Ribeirão Preto e a marca Nilza para o empresário Adhemar de Barros Neto, ex-acionista da Lacta, empresa hoje pertence à Kraft Foods.

Como pagamento, o empresário assumirá dívidas de R$ 54 milhões com os credores da central. A nova Leite Nilza será uma sociedade anônima de capital fechado.

A Cooperativa Central, antiga Nilza, ficará inativa, mas as cooperativas que a compõem - Coonai, de Ribeirão, Cooperlat, de Piumhi (MG) e Coalta , de Patrocínio Paulista (SP) - continuarão operando como singulares e fornecendo matéria-prima para a Leite Nilza. O ex-presidente da central, Daniel de Figueiredo Felippe, disse que a unidade de Brodósqui será transferida para a Coonai, que já produz leite pasteurizado na planta. A de Capetinga está desativada.

Segundo Felippe, que se tornou diretor de captação de leite e comercial da nova Leite Nilza, além das três cooperativas, a empresa tem outros 17 fornecedores de leite (cooperativas e laticínios).

Para Felippe, a venda para o empresário Adhemar de Barros Neto, que desde 1998 atua com a factoring Extracred, foi a melhor saída para as cooperativas resolverem o seu passivo. "Se não vendesse por esse valor, as cooperativas acabariam perdendo tudo", argumentou. Segundo ele, as dívidas inviabilizavam as operações e as cooperativas poderiam quebrar.

Eduardo Lopes de Freitas, presidente da Coonai, concordou que não havia outra saída. "O acordo nos livrou do passivo de longo prazo e nos aliviou para fazer investimentos no futuro."

O montante de R$ 54 milhões em dívidas está assim dividido: R$ 20 milhões com o Banco do Brasil e o restante com produtores de leite, outros bancos, factorings e fornecedores.

A venda para Adhemar de Barros Neto só se concretizou após finalizada a reestrutução das dívidas da Central Nilza. Pela reestruturação, feita pela Solfin - Soluções Financeiras -, as dívidas de até R$ 10 mil foram pagas em três parecelas, entre R$ 10 mil e R$ 100 mil, em 18 meses e as acima de R$ 100 mil, em 24 meses. Fornecedores de leite e credores financeiros receberão em 44 parcelas corrigidas pelo IPCA mais 6% ao ano.

Além de assumir as dívidas, Adhemar de Barros Neto fez um aporte de R$ 10 milhões para capital de giro da nova empresa. Ele terá 90% do capital da Leite Nilza e Edson Macedo, presidente da Solfin, 10% de participação. Segundo Barros Neto, há três anos, quando visitou a Nilza, então apenas sua cliente, já se interessou pela operação. "Sempre quis voltar para o setor de alimentos", afirmou.

Ele era um dos acionistas controladores da Lacta, que em 1996 foi vendida para a Kraft Foods. Ele conta que problemas financeiros decorrentes de divergências societárias levaram sua família a vender o controle (57% das ações) da Lacta para a Kraft (que já detinha 38%). "Nunca quis que a empresa fosse vendida, foi a contragosto".

Barros Neto, que diz já ter conhecido "a ascensão, a glória e a armagura" como empresário do setor de alimentos, acredita que sua experiência na Lacta ajudará a reerguer a Nilza. Na Lacta, o empresário de 43 anos ocupou a diretoria industrial e a vice-presidência do conselho de administração.

Segundo Daniel Felippe, a primeira tarefa é estabilizar a captação da leite, em 450 mil litros diários. A empresa produz hoje leite longa vida, pasteurizado e manteiga, mas prevê retomar a fabricação de bebidas lácteas e iogurtes.

Conforme Felippe, devido à sua marca forte, a Nilza já recuperou o posto de líder no mercado do interior paulista, onde chegou a ter participação de 23%.

Para Vicente Nogueira, da Confederação Brasileiras das Cooperativas de Leite (CBCL), o desfecho da crise da Nilza não indica um enfraquecimento do setor cooperativista. "É uma pena que não deu certo, mas há outros exemplos de sucesso, como a Itambé e a Confepar que estão investindo".

Em seu auge, a Nilza chegou a ter sete cooperativas afiliadas e a captar 750 mil litros de leite/dia.

Autor:

Fonte: http://www.milknet.com.br (03/05/2010)

Newsletter

Tags

# (1)
#CPR (1)
Case (2)
Coesa (1)
crise (2)
CVC (1)
EUA (1)
Light (6)
MEI (1)
OAS (1)
Outros (27)
Paper (2)
STJ (2)
TJ-SP (1)
TMA (1)
Varejo (2)
Chat on WhatsApp