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Portugal Telecom pode ser vendida, afirma fonte

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Fonte próxima aos controladores da Oi disse ontem ao Valor que a Portugal Telecom não está à venda, mas pode vir a ser negociada. Observou que a tele portuguesa é um dos "pilares da aliança industrial com a Oi", mas em uma operação casada que permita à Oi vir a participar "como protagonista" de um processo de consolidação de empresas de telecomunicações no Brasil, a PT pode ser vendida. "Ativo estratégico só se troca por ativo estratégico", disse a fonte.

Para reduzir sua dívida de R$ 46 bilhões, a Oi já vinha dizendo que pretende vender ativos "non core" (aqueles que não são o foco do negócio como prédios e torres, por exemplo). Segundo o jornal "El País", o governo português vê com bons olhos a possibilidade de antigos executivos da PT formarem uma sociedade para comprar a tele portuguesa. Perguntada, a fonte próxima aos controladores da Oi diz que "o movimento é embrionário".

O que tanto representantes de acionistas como o presidente da Oi, Bayard Gontijo, vêm declarando é a intenção da empresa "protagonizar" um eventual processo de consolidação das empresas de telecomunicações no país, mas, o que ainda não está claro, é como será esse processo.

Há especulações em torno da compra da TIM Brasil. Na semana passada, o presidente mundial da Telecom Italia, Marco Patuano, disse que não recebeu nenhuma proposta. Mas ponderou que se fosse um "bom cheque", ele estudaria a oferta. O BTG Pactual foi mandatado pela Oi para buscar oportunidades e a expectativa é que ainda em novembro o banco tenha estratégias definidas.

Na bolsa de Lisboa, a Portugal Telecom SGPS, que carrega o "calote" dado pela RioForte no valor de € 897 milhões e uma fatia de 25,6% da CorpCo (empresa que resultará da fusão entre Oi e PT), recuaram 8,15% ontem. A PT SGPS vale, então, € 899,2 milhões. Os ativos demais ativos da Portugal Telecom já estão debaixo da Oi.

No período de 12 meses - a fusão entre a Oi e Portugal Telecom foi anunciada em outubro de 2013 - as perdas se aproximam de 70%. As ações da Oi recuam em ritmo semelhante. Os papéis preferenciais, mais líquidos, caem 69% neste ano.

Os reguladores de mercado de Lisboa e do Reino Unido proibiram ontem as operações de venda a descoberto da PT, com a intenção de evitar movimentos especulativos. A operação a descoberto consiste na venda de um papel sem tê-lo em carteira, para recomprá-lo adiante, até o prazo determinado pela corretora. A estratégia é uma aposta na queda do preço do papel para obter lucro.

Na segunda-feira, as ações chegaram a cair mais de 28%, à mínima de € 0,87, o menor preço desde que a PT abriu capital, em 1995. O papel desabou após o Tribunal de Luxemburgo recusar pedido de gestão controlada feito pela RioForte - um recurso semelhante à recuperação judicial. Sem a aprovação, a RioForte ruma para a insolvência e terá o patrimônio liquidado para pagar dívidas.

A ação da Portugal Telecom SGPS, negociada em Lisboa, é dona apenas da dívida da RioForte e de uma opção de compra de ações da Oi. Se exercer a opção, a operadora portuguesa pode voltar a ter uma fatia maior do capital da CorpCo - empresa resultante da fusão, ainda em andamento, de Oi e PT. A fatia atual é de 25,6%, podendo subir para 37,4%, como inicialmente previsto no acordo da fusão.

Sem a aprovação do processo de recuperação judicial da Rioforte, a expectativa da PT receber os € 897 milhões diminuiu bastante, destruindo valor para a tele. Sua desvalorização na bolsa desde a descoberta do empréstimo à RioForte, em julho, é de mais de 60%.

Ontem, a PT informou que "utilizará todos os meios ao seu alcance" para obter os elementos necessários à garantia de seu direito de indenização perante o Banco Espírito Santo (BES). Este banco, pertencente ao Grupo Espírito Santo, foi desmembrado pelo Banco de Portugal (o banco central do país) no início de agosto, surgindo o Novo Banco, com os ativos bons, e o BES antigo, com os ativos podres.

A PT informou ainda que pode solicitar ao Tribunal Administrativo do país que intime o Banco de Portugal a prestar informações consideradas essenciais à apuração dos responsáveis pela comercialização dos títulos de dívida do Grupo Espírito Santo, incluídos os da Rioforte. Segundo a tele portuguesa, o Banco de Portugal se recusou a disponibilizar dados, em nome do segredo profissional e do universo muito amplo dos dados solicitados.

Por conta da intrincada estrutura acionária, há ainda a possibilidade de que os investidores portugueses estejam entendendo apenas agora a estrutura da fusão, e mudando suas posições na bolsa de Lisboa.

Autor(a)
Heloisa Magalhães e Tatiane Bortolozi

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